No fundo do poço.

01:02

(Ei, gente.. Tive uma inspiração muuito rara para escrever um conto. Como esse não é meu tipo de escrita normal, me desculpem pelo despreparo.)

Ela o viu bêbado, em um bar. Eles namoraram durante 4 anos, e haviam terminado a 8 meses. Ela sentiu uma certa satisfação masoquista (mesmo que não aceitasse admitir) ao ver que ele havia mergulhado tão fundo no poço. Ele perdera o emprego, não conseguia s organizar financeiramente, voltou a morar com os pais, que clamavam de saudade da nora.

Todos comentavam que ele não era nada sem ela. Naquela festa, ela era a mulher mais requisitada e poderosa do ambiente. Era um estouro em sua profissão, seus amigos se orgulhavam dela, seus pais idem. Ele a viu e percebeu sua situação humilhante perante a ex. E decidiu mudar. Tirou a garrafa de whisky de debaixo do braço e atirou-a longe. Nunca mais iria beber. Pessoas o olhavam espantados, pensando que era mais uma crise causada pelo alcoolismo. Mas não era. E apenas uma pessoa, além dele, havia entendido o que acontecera: Ela. Ela, que o conhecia como a palma da própria mão. E ela teve medo.
...
2 anos se passaram. Ele estava saindo da cidade, quase passando por uma longa ponte. Tudo mudara desde o dia decisivo da festa. Quer dizer, quase tudo. Ele continuava solteiro, seu dedo não via uma aliança desde o término fatídico. Mas nos outros aspectos, sua vida estava excelente.
Ele reconquistou seu emprego antigo na empresa em que trabalhava e conseguiu ser promovido. Estava vivendo melhor, as pessoas voltaram a admira-lo.
Foi quando ele a viu. Jamais deixaria de reconhecer aqueles longos fios castanhos. Mas, porque ela estava de pé, de frente para a grade de segurança da ponte? Ela sabia que, caso caísse, iria acertar as pedras e a água corrente lá embaixo, e seria morta.

Ele não pensou. Desviou o carro e voltou para o lugar em que ela estava. Desceu do carro.
Eles se olharam, longamente. Ele viu nos olhos dela uma grande confusão. Mas entendeu tudo quando viu a garrafa de vodca em suas mãos. É verdade, ela nunca havia gostado de bebidas como o whisky, muito polidas para aquela mulher moderna. Riu, por mais estranho que fosse no momento, e a abraçou. Não deixaria que ela fizesse o que pretendia, não naquela noite.
Eles conversaram longamente. Ela bêbada, contava a história de como havia se sentindo após o término. Ele, sóbrio, fez o mesmo. Ironicamente, as histórias eram as mesmas, coincidiam.
E, em meio a risadas, eles se beijaram.

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